segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

"Ninguém nunca me pediu pra ser carinhoso"

E a montagem do filme começou hoje.

Depois de ver o bruto duas vezes, revi mais outra no final de semana, agora com anotações a respeito de cada plano. Além desse material de cinco páginas, enviei para Roberto Pazos observações sobre as 11 sequências, e terminei com 68 Pt. Screen, por ordem, de como visualizo o filme decupado e montado. Do S1P1 (Sequência 1, Plano 1) até o S11P2, o último antes dos créditos finais.

Isso poderia soar excessivamente limitador para alguns montadores, mas deixamos claro que as referências são apenas guias, e que será maravilhoso Pazos tentar outros caminhos, que podem acrescentar ao universo do filme, o que considero possível também porque as anotações dele foram feitas sem conhecer as minhas.

Isso sem falar da agilidade, já que seria incapaz de fazer um primeiro corte em menos de três semanas, enquanto Roberto ficou de me presentear com um corte já na sexta-feira. Mas, antes de criar expectativas que não poderão ser cumpridas, adianto que acho improvável o filme ter um corte final antes do final de janeiro. E depois disso ainda temos a finalização de áudio, vídeo, autoração de DVDs... Sem pressa.

Design
Na sexta-feira, antes de tomar notas, revi material com Saul Mendez (Design Gráfico). Em um dos momentos mais divertidos do filme até agora, mostrava a ele um plano que sempre vi como tragicômico e amoroso. Mas, em um take que com certeza não usaremos, além de tragicômigo e amoroso, nosso protagonista usou uma fala que fez Saul citar Bela Lugosi, um dos maiores ícones dos filmes de terror. Com direito a imitação. Há tempos não ria tanto.

Mais tarde, no final de revisão, ele veio com uma ideia do filme que fiz questão de dizer que ela era apenas pano de fundo. Quando voltamos às artes que Saul fez, tentei resumir a ideia.

- A simplicidade é por aí, mas o filme é carinhoso, Mendez.
- Ninguém nunca me pediu para ser carinhoso. Pelo menos não uma arte carinhosa.
- Se desafie, vá.

Horas mais tarde, em meio a uma cerveja, mandei mensagem com outra referência, que nos agrada um bocado. “Bem lembrado. Ele consegue ser carinhoso também”.

Hoje, tenho a impressão que Saul, Roberto e essa última referência são parecidos, pelo menos até certo ponto. Indelicadezas e reacionarismos à parte, os três têm algumas das melhores características do cara old school, e são melhores que suas aparências ou famas carrancudas. Só que nem todo mundo percebe.

Roberto Pazos, old school com fama de mau, mas do bem. Foto: Ana Lee

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