Serei eternamente
grato a alguns diretores, por causa de filmes que dirigiram
ou por escritos que deixaram, quando não os dois casos. Mas indo para o
terceiro curta, o que equivale no máximo a um engatinhar no cinema, é
inevitável perceber que algumas coisas mudaram quando o gostar de filmes ganhou
a companhia do dirigi-los.
Em Nunca Mais Vou Filmar, por exemplo, acho a música
tão fantástica que brincava, a respeito da chamada de cartaz: “Nunca Mais Vou Filmar, uma trilha sonora de
Thiago Ferreira”. Dois dos planos mais bonitos do filme, e que ainda salvaram
a montagem e o ritmo, foram idealizados por David Campbell, no meio das gravações.
A última sequência de caminhada, responsável por uma dor de cabeça de três
meses, só foi resolvida por Roberto Pazos. Lucas Lacerda e Bruna Scavuzzi estão
melhores do que Téo e Sara eram no papel, e têm uma sintonia que dificilmente
conseguiria com outros dois atores, mesmo que igualmente talentosos.
Assim, me
constrangeria de ver o filme ao lado de algum deles (e de restante da equipe
que não cito para não alongar demais o texto) e, na hora dos créditos finais,
ver projetado “um filme de Leandro Afonso”. “História e direção de” me soou
mais justo na época, e me soa ideal agora, no processo que envolve Lara.
Há uns três meses, com
o jeito despretensioso e seco que tem, um amigo foi certeiro.
- E agora não são mais
só dois personagens – eu disse.
- São quantos?
Quatro?
- Não. Onze.
- Porra! É um épico?
Hoje, são sete personagens.
Em conversa no final
de semana passado, Roberto Cotta não aliviou. “Eu sei o que você quer e pra
onde você quer ir. Eu tô é te tirando de sua zona de conforto”. Percebi o que não
tinha percebido, roteiros técnico e literário foram simplificados, graças também a esse desconforto.
Isso sem citar o tanto
que Camila Bahia ajudou ao trazer quase todo o time que temos hoje, e sem falar
de Arthur Freitas, que lá atrás sugeriu a adaptação de conto. Embora pouco ou
nada dele ainda resista, serviu para desviar atenção do roteiro a que me
dedicava na época para uma ideia que, hoje, se mostra melhor.
Graças a eles e a
outros (entre os mais recentes, Ícone, Uesc, Comunika Press, Marta Bahia, Erika
Cotrim e Edmilson Afonso), Lara vai
existir.
Para isso, não me
sinto como o pai de um filho sem mãe e sem amigos, sem influência do ambiente e sem mapa astral, que é como às
vezes acreditamos que são os filmes e os diretores. Mas me vejo como o pai de um
filho cheio de amigos que
podem fazer por ele o que, muitas vezes, eu não poderia. Se for pelo bem do menino, o pai não recusa.
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